Monday, September 11, 2006

O noivado.

E então eu fui na festa lá no interior. Estava eu no transporte fornecido pelo noivo (isso mesmo, desde o cabeleireiro da noiva até o transporte da família, é obrigação do noivo) imaginando como seria a festa, se ficaríamos todos juntos ou mulheres separadas. Chegamos ao local, e a minha sogra pegou o meu braço e foi me conduzindo até a escada, e eu notei que os homens foram ficando pra trás. Então chego eu num salão bonito, com dois tronos em forma de coração ao fundo, e a minha cunhada sentada em um deles com o vestido que qualquer semelhança com o da Bella terá sido mera coincidência. De repente booooooooom, não, não foi uma bomba, mas a maioria das mulheres que chegaram de roupas longas pretas e véu começaram a tirar tudo!!! Umas estavam com microvestidos, outras de vestidos de festa, outras de jeans com tops apertadíssimos e começaram a dançar. E era uma alegria só, todo mundo dançando e cantando, e a Rabab no trono esperando o noivo chegar.

Enquanto isso os homens da tribo do Bashar estavam lá em cima recepcionando a tribo do noivo (esta parte do relato é cortesia do Bashar porque eu mesma não vi). E depois de assinado o contrato de noivado, isso mesmo é quase um meio casamento, eles só não podem morar juntos ainda, mas a partir daquele momento eles podem, digamos assim, namorar.

De repente lá no salão das mulheres, algumas mulheres começaram a se vestir de novo (as irmãs, sobrinhas e tias do noivo não precisam se cobrir na frente dele e elas eram tipo um terço das 150 mulheres por lá), e eu pensei, bem o noivo deve estar chegando. E estava mesmo, a minha cunhadinha que nem véu usa se cobriu toda e foi pra porta do salão. Então quando foi anunciado que o noivado estava assinado, ela tirou tudo e o noivo ansioso mais que depressa deu um beijo nela (assim discreto e na testa), mas um beijo nonetheless. Depois disso e de beijarem as respectivas mães, eles foram dançar, e como estavam felizes, eu nem conseguia imaginar que eles só se viram 3 vezes até aquele dia, tipo pareciam se conhecer há 10 anos e com um olhar totalmente apaixonado. E ele não parava de beijar ela, e os dois cochichando o tempo todo quando a fotografa permitia uma pausa de 5 minutos nos 1 milhão de poses obrigatórias.

Nisso veio o momento mais surreal de todos. A irmã do noivo vem lá do fundo do salão (não foi a mãe porque depois de 3 derrames está numa cadeira de rodas) com uma BANDEJA de ouro. Isso mesmo, uma bandeja com 4 anéis, 3 pulseiras e um colar enorme. A minha sogra então se aproximou e tudo foi declarado e conferido, quanto em ouro, valores etc. Este é o Mahr ou o Dote que no Islam é absolutamente obrigatório. E enquanto isso, a balada continuava forte, todo mundo dançando e fazendo aquele ululululululu (sei lá como escrever aquilo, mas vocês viram O Clone e sabem do que eu estou falando).

Enquanto isso lá em cima (mais uma vez cortesia do habibi), os homens estavam um tédio total, conversando aquelas conversas de homens machos e dando uns tiros pro alto (pois é eles ainda fazem isso e não raro tem um acidente apesar de ser uma prática proibida há anos).

Apesar da saudade que eu senti do marido, eu descobri que em festas, é bem mais legal ser mulher, tudo acontece lá com elas e é o que pode-se chamar realmente de festa. Como eu não estava querendo paquerar ninguém, uma balada só com mulheres foi divertidíssima!!! E eu só estou esperando o casamento daqui a 2 meses, mais balada, e quem sabe até lá eu danço bem que nem elas!!!



P.S.: Posts publicados todos juntos porque estou sem internet em casa ha uns dias e sem acentos aqui no internet cafe.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home